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Pancho, um tubarão Mangona, é o único da sua espécie em exposição em um aquário no Brasil

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Pancho, um tubarão Mangona, é o único da sua espécie em exposição em um aquário no Brasil

Casos e Contos 30/11/-0001
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Visitar aquários pode ser um ótimo passeio para unir toda a família e também uma boa oportunidade para conhecer mais sobre as espécies marinhas que habitam o fundo do mar e que nos encantam com suas variedades de cores, tipos e tamanhos.

Mas, em algum momento você já parou para pensar em como esses animais chegam até os grandes aquários espalhados pelo Brasil? Alguns já nascem em cativeiro e passam a sua vida no mesmo aquário, mas alguns precisam ser transferidos de outras cidades, estados, e até de outros países.

Esse foi o caso do tubarão Pancho, um dos mais novos moradores do Aquário de São Paulo, localizado na capital do estado. O tubarão da espécie Mangona, com aproximadamente 18 anos de idade, foi transferido de um aquário argentino, o Bioparque Temaiken, para o Brasil no dia 02 de novembro de 2011 em uma operação que envolveu cerca de 40 pessoas e levou alguns meses para ser planejada.

Ricardo Cesar Cardoso, oceanógrafo e gerente do departamento técnico do Aquário de São Paulo, conta que a “nova casa” de Pancho foi escolhida por conta de uma parceria entre os dois parques que já trabalharam juntos em casos de transferências de outros animais e com intercâmbio de estagiários. O motivo “da mudança” foi o crescimento do tubarão, que precisava de um local maior para viver.

A partir da escolha da nova “casa”, teve início o processo de planejamento para a transferência. Foram meses de reunião envolvendo técnicos do Brasil e da Argentina para ajustar todos os detalhes a serem preparados para a viagem de Pancho, que contou com uma caixa de transporte específica construída para a operação.

Fizemos ajustes dos parâmetros da água, como o pH, temperatura e salinidade, para que a diferença entre a água de destino e a água de origem fossem mínimas. Também fizemos diversos acertos com as empresas e órgãos que participaram da ação. Por exemplo, com a empresa área acertamos itens como as necessidades do animal durante o voo e a redução do tempo de liberação da carga quando ela chegasse ao solo. Para a Infraero – Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária pedimos a liberação da entrada de técnicos aquaristas nas áreas restritas do aeroporto para que pudéssemos tomar ações imediatas quando o Pancho desembarcasse. Com a transportadora terrestre negociamos necessidades específicas do caminhão utilizado no translado para reduzir o estresse do animal durante o trajeto. E também solicitamos à Polícia Militar uma escolta para o comboio afim de reduzir o tempo de chegada até o Aquário de São Paulo”, detalhou o oceanógrafo. “O tempo de transferência é crucial em uma operação como essa, e qualquer atraso não planejado poderia deteriorar rapidamente a qualidade da água da caixa de transporte e levá-lo à morte”, complementa Cardoso.

Quarenta e cinco pessoas estiveram envolvidas na transferência do Pancho. Desse número, 25 trabalhavam para um dos dois aquários, seis eram funcionários das duas transportadoras terrestres, outras seis eram policiais ambientais de São Paulo e oito trabalhavam na TAM, a empresa área que realizou o transporte. “Foram cerca de 4 horas de voo, e nenhum procedimento foi posto em prática durante esta fase do projeto, pois a caixa de transporte supria todas as suas necessidades durante esse período”, explica Cardoso.

Após chegar ao Aquário de São Paulo, Pancho passou pelo processo de aclimatação, onde aos poucos a água do novo aquário foi adicionada à caixa de transporte, “modificando assim, vagarosamente, os parâmetros da água em que o Pancho veio. Esse processo levou cerca de duas horas”, conta o gerente do departamento técnico do aquário.

Finalizado o processo de transferência, o próximo passo foi adaptar Pancho ao novo ambiente. “Esse é um processo que pode levar semanas, mas pode-se dizer que o tubarão já está adaptado ao novo aquário, pois ele já está se alimentando normalmente”, esclarece Cardoso.

Nova vida em São Paulo - Tubarões Mangona em cativeiro são comuns em aquários da Europa, Estados Unidos e Japão. No Brasil, porém, só o Aquário de São Paulo possui um tubarão como Pancho em cativeiro.

No segundo dia após a sua chegada, ele já se encontrava em exposição para os visitantes do parque. Segundo conta Cardoso, o público ficou impressionado com a manutenção de um tubarão em um aquário e com a possibilidade de se aproximar de um animal deste porte com total segurança e conforto.

A presença do Pancho em um jardim zoológico como o Aquário de São Paulo pode conquistar um número cada vez maior de simpatizantes pela causa dos tubarões, animais tão injustiçados e caçados pelo mundo tudo, levando não só a uma conscientização dos órgãos legisladores, mas também da opinião pública com a necessidade de atentarmos para esse sério problema”, enfatiza o oceanógrafo.

Confira algumas curiosidades sobre a vida de Pancho em cativeiro e sobre os tubarões Mangona:

Espaço do aquário - Não existe um parâmetro bem definido para determinar o espaço que cada peixe precisa para viver em cativeiro “O que se costuma levar em consideração na determinação do tamanho de um aquário é a relação entre hábitos de vida e necessidades básicas para cada espécie”, explica Cardoso. No Brasil, a legislação de zoológicos estabelece que tubarões da mesma espécie do Pancho precisem habitar um lugar com pelo menos 20 metros de comprimento, com 9 metros de largura e 4,5 metros de profundidade.

Alimentação e convivência com outras espécies - Pancho é alimentando três vezes por semana com cerca de 600 a 700 gramas de comida por refeição. E desde que esteja com o “jantar em dia”, ele pode conviver normalmente com outras espécies no mesmo aquário.

Estimativa de vida - Pancho é um tubarão que não nasceu em cativeiro. Ele foi capturado há cerca de 10 anos no litoral do Uruguai e pelo seu porte é possível estimar que ele tenha 18 anos de idade. Em cativeiro não existem dados sobre a expectativa de vida destes animais, mas estima-se que eles vivam por mais tempo em aquários do que na natureza, onde podem chegar até os 25 anos.

 

Sobre o tubarão Mangona:

Os tubarões Mangona, ou Carcharias taurus, costumam habitar áreas onde as águas são mais quentes, como os oceanos Atlântico, Pacífico e Mediterrâneo. No Brasil, eles podem ser encontrados no litoral sul, sudeste e no início do Nordeste. São animais de hábitos noturnos, e apesar da aparência agressiva conta dos dentes pontudos expostos para fora da boca, possuem comportamento calmo e tranqüilo.

Podem atingir até 3 metros de comprimento e pesar 100 quilos, já as fêmeas podem chegar aos dois metros em época reprodutiva. Alimentam-se de espécies de peixes, como sardinhas e anchovas, caranguejos, lulas, polvos e até de pequenos tubarões.

Tubarões Mangona possuem predação intrauterina, ou seja, o filhote que se desenvolve primeiro se alimenta dos demais ainda no útero da mãe. Dessa forma, as fêmeas só conseguem dar a luz a um, ou no máximo dois filhotes a cada dois anos. A baixa taxa de reprodutividade somada à captura da espécie para alimentação é o que a coloca em situação de ameaça de extinção.

 

Serviço:

Aquário de São Paulo
Rua Huet Bacelar, Ipiranga, São Paulo
Telefone: (11) 2273 – 5500
Funcionamento: Todos os dias das 9h às 18h

Valores - O parque oferece vários tipos de passaportes e pacotes especiais com preços variados. Para consultar os valores, acesse:
http://www.aquariodesaopaulo.com.br/index2.html

 

Juliana Barbosa para Bombarco
Foto: Divulgação
Vídeo:
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