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Marinas: a vilã da poluição no litoral?

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Marinas: a vilã da poluição no litoral?

Mercado 30/11/-0001
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A construção de marinas sempre foi motivo de desentendimentos entre ambientalistas e empresários do segmento náutico. De um lado os protetores da natureza acusando as marinas de poluição do mar e do solo. Do outro, os empresários, que argumentam com geração de empregos e adequação as normas ambientais. O crescimento do mercado náutico no País é o fator propulsor de novas instalações de marinas e garagens náuticas no litoral brasileiro. Com a necessidade de novos empreendimentos para atender o mercado, também aumenta a preocupação com o meio ambiente.

Mas engana-se quem pensa que as marinas são as únicas vilãs da poluição no litoral. Segundo João Milanelli, gerente da agência ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) de Ubatuba, o maior problema ambiental no litoral paulista é a poluição orgânica urbana e a carência da rede de saneamento:

“No litoral a rede pública de saneamento ainda é deficiente na coleta e no tratamento de esgoto. Sem contar no lançamento de esgoto nas valas pluviais dos bairros mais pobres e a ocupação desordenada nas margens de rios”, revela Milanelli.

Em um plano geral o lixo e o esgoto são os principais poluidores do litoral.  Mesmo com rede pública de esgoto muitas casas ainda não utilizam o serviço:

“Só no litoral norte mais de cinco mil endereços lançam seu esgoto, sem nenhum tipo de tratamento, direto nos rios e no mar”, ressalta.
A falta de sanitários em muitas praias do litoral também contribui com a poluição, aumentando a contaminação fecal na água.

As marinas, em um patamar geral, não têm grande contribuição com a poluição ambiental do litoral. Porém, Milanelli garante que, localmente, as marinas são incentivadoras da poluição, mas que atualmente as condições de controle de poluição estão muito mais efetivas:

“Na praia de Tabatinga, em Caraguatatuba, há alguns anos, das 15 marinas que funcionavam lá, nenhuma tinha rede de esgoto. Hoje, todas atendem as normas da Cetesb. Vale lembrar que quase todas as marinas do litoral norte já não poluem o meio ambiente.”, revela o gerente da Cetesb de Ubatuba.

Os empresários náuticos

Luciano Alves, diretor da Marina Boreste, em São Sebastião, litoral paulista, acredita que as marinas contribuem e, muito, para o crescimento do município onde funciona:

“Uma marina gera números relevante de empregos. Desde a manutenção de barcos até a área comercial. Mas, é claro que precisa haver uma consciência ambiental. Se a empresa seguir as normas estabelecidas pelas entidades ambientais, não haverá problemas”, revela.

Outro fator, também apontado por pessoas do segmento, é o estímulo ao turismo:

“O litoral vive do turismo e, em contrapartida, os empregados vivem dos empregadores que ali ancoram suas lanchas e veleiros”, ressalta Jefferson Cohen, tripulante do veleiro Palmares.

Ainda de acordo com o velejador todo crescimento é bem-vindo quando se segue as normas estabelecidas: “As marinas do litoral estão se adequando ambientalmente e devem ser reconhecidas pelas instituições e população”.

As soluções

O caminho de muitas instituições ambientais é a criação de projetos (ver matéria Projeto Marinas) para controlar e fiscalizar a poluição e a incorporação de boas práticas ambientais ao longo dos nove mil quilômetros de costa do Brasil:

“A maneira de evitar a poluição é melhorar a consciência ambiental com a execução dos projetos ambientais como o Onda Limpa e o Projeto Marinas, que já acontecem no litoral Norte de São Paulo”,finaliza João Milanelli.

Bruna Sales para Bombarco
Foto: Google Earth