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O impasse entre os protetores da natureza e os empreendedores náuticos

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O impasse entre os protetores da natureza e os empreendedores náuticos

Mercado 30/11/-0001
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A construção de marinas e estaleiros sempre foi motivo de desentendimentos entre ambientalistas e empresários do segmento náutico. De um lado os protetores da natureza acusando os empreendimentos náuticos, como marinas e estaleiros, de poluição do mar e do solo. Do outro, os empresários, que argumentam com geração de empregos e adequação às normas ambientais.

O crescimento do interesse brasileiro no mercado náutico, principalmente, no setor de luxo, nos últimos anos, tem incentivado, e muito, a construção de grandes estaleiros no país.

O setor, no Brasil (envolvendo vários tipos de produtos), cresce em média 20% ao ano, com isso, além do aumento do número de consumidores há aumento de demanda por barcos e o surgimento de novas marinas, além de reforma nas já existentes. Com o boom do segmento no país aumenta também a preocupação com o meio ambiente.

Segundo João Milanelli, gerente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) de Ubatuba, o maior problema ambiental no litoral paulista é a poluição orgânica urbana e a carência da rede de saneamento:

No litoral a rede pública de saneamento ainda é deficiente na coleta e no tratamento de esgoto. Sem contar no lançamento de esgoto nas valas pluviais dos bairros mais pobres e a ocupação desordenada nas margens de rios”, revela Milanelli.

Um relatório divulgado pela Cetesb, no início de agosto, revelou o alto índice de poluição das praias do litoral Norte de São Paulo. Dos 83 pontos analisados apenas 29% receberam classificação "própria" em 100% do tempo.

O grande responsável pela piora dos índices de balneabilidade, segundo o relatório foi, mais uma vez, o despejo de esgoto doméstico no mar. No litoral norte, muitas casas, inclusive as de alto padrão, jogam dejetos nos córregos que cortam a planície costeira. Tudo, então, é levado até o oceano Atlântico.

Logo, os empreendimentos náuticos, em um patamar geral, não têm grande contribuição com a poluição ambiental do litoral.

Os empresários náuticos

Patrick Romman Silva, gerente Operacional da Marina Timoneiro, em Ubatuba – primeira marina do litoral brasileiro a receber o certificado do Projeto Marinas –, afirma que a correta destinação de óleo dos barcos, por exemplo, já traz inúmeros benefícios para o município:

A boa conduta ambiental de um empreendimento náutico, além de servir como exemplo para outras empresas do segmento, oferece profissionalização aos funcionários e gera muitos empregos, direta ou indiretamente”.

O velejador Amyr Klink, conhecido pelas inúmeras expedições realizadas pelo mundo, acredita na importância das marinas para o litoral brasileiro e ressalta também a importância do turismo náutico para economia do país:

No Brasil há muito que aprendermos sobre marinas. Hoje, vendem-se muitos barcos sem pensar onde eles irão ficar. As marinas são fomentadoras de atividade, principalmente, quando se refere ao turismo náutico. Turismo este ainda pouco explorado no Brasil”, revela o velejador.

O estado da Bahia é o primeiro estado brasileiro a focar no turismo náutico. Segundo Amyr Klink o estado sai na frente com bons exemplos de prestação de serviços no segmento.

Ainda de acordo com Klink a grande faceta para um crescimento rápido e correto das marinas é apostar no turismo náutico e atrair barcos estrangeiros para o país:

Perdemos muito em dificultar burocraticamente a vinda de barcos estrangeiros. As grandes taxas de charter e a falta de estrutura são os principais motivos. Com isso quem ganha são os países vizinhos como o Uruguai”, finaliza Klink.

Além disso, alguns empresários do setor estão preocupados com o recente aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em medida do governo para tentar impulsionar a produção nacional.

Os estaleiros

O Brasil, só neste ano, receberá a instalação de três grandes estaleiros: o francês Beneteau e os americanos Sea Ray e Bayliner.

As americanas Bayliner e Sea Ray, do grupo A Brunswick Corporation construirão a primeira fábrica no Brasil, em Joinville, no condomínio industrial multissetorial Perini Business Park. A empresa terá aproximadamente 15 mil metros quadrados de área de produção e deve empregar cerca de 150 pessoas para a construção de barcos esportivos e de cruzeiro das marcas.

Quando estiver em pleno funcionamento, a fábrica terá capacidade para produzir mais de 400 barcos por ano.

As soluções

O caminho de muitas instituições ambientais é a criação de projetos para controlar e fiscalizar a poluição e a incorporação de boas práticas ambientais ao longo dos nove mil quilômetros de costa do Brasil, onde circulam uma frota de 650 mil barcos. A maioria deles no eixo Rio-São Paulo.

Para tanto a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), com o apoio das Prefeituras Municipais tem criado projetos para a preservação ambiental e marinha nos litorais.

O Projeto Marinas, que visa controlar e fiscalizar a poluição e a incorporação de boas práticas ambientais de marinas no litoral Norte de São Paulo tem conquistado grandes resultados.

Hoje, cerca de 70% das marinas do litoral Norte de São Paulo já atendem as normas ambientais, revela João Milanelli, coordenador do projeto e gerente da agência ambiental da Cetesb de Ubatuba.

O Programa Onda Limpa, do Governo do Estado de São Paulo, iniciado em 2007, na Baixada Santista foi outra solução a favor do meio ambiente do litoral. Segundo a assessoria de imprensa da Sabesp, em 2010, cerca de 200 mil pessoas passaram a contar com os benefícios do tratamento de esgoto.

Bruna Sales para o Bombarco
Foto: Banco de dados