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Travessia do atlântico: Beto Pandiani e Igor Bely largam para desafio nesta quarta

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Travessia do atlântico: Beto Pandiani e Igor Bely largam para desafio nesta quarta

20/03/2013
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Nesta quarta-feira, 20 de março, Beto pandiani e Igor Bely partem da Cidade do Cabo, África do Sul, para um desafio de 5.000 milhas náuticas sem escalas, até Ilhabela, litoral norte de São Paulo, a bordo de um catamarã sem cabine. Serão 30 dias ininterruptos de viagem, enfrentando diversas condições de mar e temperatura. O projeto, que teve início em 2011, atinge seu estágio principal e poderá ser acompanhado de perto pelo site travessiadoatlantico.tumblr.com. Para viabilizar a aventura, o velejador conquistou importantes parceiros e inovou ao fazer um financiamento coletivo pela internet, o chamado crowdfunding. Foram arrecadados R$ 166.568,24.

"Será uma grande velejada em mar aberto. Reencontrar o oceano é fundamental para mim, pois é um momento sagrado. É um lugar em que minha alma pode se expressar com toda a sua criatividade, pois todo o horizonte, todo o céu, toda a água, formam um nada imenso. Não existirão mais pessoas para ver, notícias para ler, coisas para enxergar, só a minha imaginação para criar, a minha mente para prestar atenção no que sinto e muito tempo para me rever. Por isso não estou ansioso. Estou mais curioso para saber como o Picolé vai se comportar, isso sim. Quantas milhas vamos fazer a cada 24 horas, projetar a média e imaginar o caminho para o Brasil", revela Beto Pandiani, que terá mais uma vez a parceria do francês Igor Bely.

Os primeiros três dias da Travessia do Atlântico são fundamentais para a aventura, já que nessa parte do planeta os ventos são fortes. "A ideia é escapar daqui do sul da África. O mar é pesado e muda rapidamente. Depois de três dias bem navegados, poderemos chegar nos alísios e, aí sim, pensar nos ventos mais constantes. A meteorologia está muito favorável. Parece que tudo aconteceu para estarmos aqui justamente nesta época", explica Pandiani.

Na fase inicial da Travessia, os ventos devem ficar perto de 25 nós (46km/h), o que exigirá mais do veleiro Picolé, batizado em homenagem ao cachorro de Beto. Por isso, a dupla acredita que os treinos e as avaliações iniciais, feitas nos últimos dias, foram importantes. Na Cidade do Cabo, a dupla fez todos os testes para ter segurança antes de partir. O barco já está todo equipado.

"O Picolé é pequeno, mas tem quase tudo que um barco grande tem. Internet via satélite, dois notebooks Semp Toshiba resistentes à água, dois Iridiuns, dois Epirbs (localizador de emergência), dois GPS, dois pilotos automáticos, um rádio VHF, três câmeras fotográficas e uma de vídeo, gravador digital, três Go Pro, lanternas, um MP3, mini caixa de som e dois velejadores", enumera Pandiani.

A viagem

Em linha reta são 4.000 milhas náuticas (7.800 quilômetros), mas a viagem se tornará ainda mais longa, já que Betão e seu parceiro Igor Bely precisarão aumentar o caminho fazendo uma parábola, o que vai dar ao todo 5.000 milhas náuticas (9.260 quilômetros). "A aventura será bem complicada. Passaremos por regiões de ventos fortíssimos, principalmente no Cabo da Boa Esperança, conhecido também como das Tormentas. A média de ventos da expedição será de 25 nós. Além disso, a água é muito fria, com muitos tubarões. Esta será a nossa maior permanência a bordo, já que o recorde era de 18 dias direto na Travessia do Pacífico, no final de 2007", explica Beto Pandiani.

Para amenizar as condições adversas de frio e vento, Betão e Igor vão velejar ao norte nos primeiros seis dias. A rota é paralela à costa da África do Sul e da Namíbia. Passaremos na Costa dos Esqueletos, que é a porção de terras desérticas desta costa tão inóspita no sul do continente africano. "Não existe um lugar na África tão mórbido e ao mesmo tempo belo como este".

O barco

Picolé tem 24 pés (oito metros) e é feito todo em carbono para suportar as condições adversas. O catamarã (veleiro de dois cascos) tem 300 kg a menos do que o da expedição do Pacífico. O veleiro foi construído na Alemanha, pela Eaglecat. O modelo é híbrido, ou seja, não existe outro igual no mundo. "Dificilmente alguém encomenda um barco deste porte para viajar. Normalmente barcos deste tamanho são usados para competição ou laser em águas abrigadas", conta o velejador.

O veleiro de Pandiani e Bely foi desenvolvido com base nas experiências das aventuras anteriores. Na prática, o velejador tirou tudo que não funcionou ou quebrou e adaptou para a nova realidade, dando mais segurança a bordo. "Hoje em dia, as construções navais para barcos de alta performance esbarram no dilema. leveza versus resistência. Vamos saber do resultado no nosso projeto durante a viagem entre Cidade do Cabo e Ilhabela”, conta Pandiani. A chegada, que deve ocorrer 30 dias após a largada, será na sede da BL3, na Praia da Armação, em Ilhabela, litoral norte de São Paulo.

Financiamento

Beto Pandiani foi uma das primeiras figuras ligadas ao esporte brasileiro a conseguir atingir a meta de um financiamento coletivo pela internet. Prestes a mais uma aventura, agora pelo Atlântico Sul, o velejador aderiu ao chamado crowdfunding, uma espécie de vaquinha para o projeto. A iniciativa deu certo e a meta de R$ 150 mil foi ultrapassada e bateu em R$ 166.568,24. O valor é considerado um dos maiores nesse tipo de ação no Brasil.

"Os investidores são mais do que apoiadores. São embaixadores do projeto. A confiança e a credibilidade foram fundamentais nesse novo estilo de financiamento de projeto. Quem entrou sabe quais são as metas e que terão algo em troca. As redes sociais foram importantes para a viagem. Postei fotos e relatos das viagens antigas para estimular os parceiros, que terão os nomes escritos no casco do catamarã de oito metros e sem cabine pelo Atlântico Sul", conta o velejador.

Ainda sobre o financiamento coletivo, Beto Pandiani emenda: "As 337 pessoas que ajudaram a encher o pote de recursos para a viagem certamente vão compartilhar tudo o que ocorre durante os 30 dias de aventura. Vão multiplicar a história nas redes sociais, aumentando ainda mais o alcance da travessia. Quem financia alguma coisa sempre sabe que o investimento valeu a pena por relatos de outras pessoas e a internet é uma ferramenta de propagação".

 

Redação Bombarco
Fonte: ZDL
Fotos: Maristela Colucci