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Associação Amigos do Peixe-Boi trabalha para a preservação de mamíferos aquáticos na Amazônia

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Associação Amigos do Peixe-Boi trabalha para a preservação de mamíferos aquáticos na Amazônia

Casos e Contos 30/11/-0001
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Há dez anos atuando no estado do Amazonas a AMPA, Associação Amigos do Peixe-Boi, é uma ONG que desenvolve atividades de proteção, conservação e pesquisa com cinco espécies de mamíferos aquáticos que vivem na região norte do país - o peixe-boi marinho, o boto-vermelho e o tucuxi, ambos tipos de golfinhos de água doce, além das lontras e ariranhas - Espécies que em comum têm o risco de extinção por conta da caça ilegal e do tráfico de animais.

Antes da criação da associação, outros projetos de pesquisa já eram desenvolvidos com alguns desses animais, porém eram ações que esbarravam na falta de apoio financeiro. “A ONG foi criada para facilitar alguns processos burocráticos e para auxiliar na captação de recursos”, explica Jone César Silva, diretor executivo da AMPA.

Atualmente a ONG conta com 35 colaboradores que ajudam nas ações desenvolvidas pela AMPA além de 10 funcionários fixos, que trabalham somente para a associação. Para desenvolver os projetos de pesquisa e de preservação das espécies de mamíferos, como o trabalho de observação dos animais na natureza e os estudos com os peixe-bois que vivem em cativeiro, a ONG atua em convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o Inpa/MCT e com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos – LMA, além de receber apoio de instituições que trabalham na preservação do meio ambiente como o projeto Petrobras Ambiental, Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e o Aquário de São Paulo.

Conheça um pouco mais sobre o trabalho realizado com dois dos mamíferos assistidos pela AMPA, o peixe-boi e o boto-vermelho:

 

Projeto Boto - Realizado desde 1992, a AMPA monitora e realiza pesquisas com os animais da espécie que vivem na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, a cerca de 700 quilômetros de Manaus. “Todos os anos fazemos uma captura de animais para marcá-los com chip. Assim podemos acompanhá-los durante todo o ano e ver o desenvolvimento da espécie na região”, explica Silva.

A espécie que ficou conhecida em todo o país por conta da lenda do boto-cor-de-rosa - que conta que em noites de lua cheia o boto se transforma em um belo jovem que segue para a terra para conquistar as moças da cidade - até dez anos atrás não sofriam grandes ameaças. “Um boto só era morto quando era capturado acidentalmente na rede de um pescador, atropelado por um barco ou vítima de alguma crueldade de alguma pessoa”, explica Silva.

Atualmente, a espécie está ameaçada de extinção por conta da caça indiscriminada. “Pescadores têm matado os botos e utilizado a carne do animal como isca para atrair e pescar a Piracatinga, uma espécie de peixe também típico da Amazônia, que depois de capturada é vendida para Colômbia, onde é muito consumida”. No Brasil, o peixe é comercializado com o nome de “Douradinha”, e também começa a agradar o paladar dos brasileiros.

Silva acredita que um dos motivos que incentiva a caça do boto é o esquecimento dessa lenda. “Já conheci moradores da região que respeitavam e até temiam o boto por conta do mito. Mas hoje em dia os ribeirinhos deixaram de respeitar a história, e muitos dos caçadores não são daqui e por isso ignoram completamente a lenda”, conta.

Esse é um dos motivos pelos quais a AMPA também realiza um trabalho de educação ambiental com as comunidades ribeirinhas, com o objetivo de conscientizá-las sobre a importância de preservar os animais na natureza. “Esse trabalho é nosso carro-chefe. Além disso, também trabalhamos com um projeto de comunicação ambiental, para divulgar as informações sobre os animais e difundir as ações que realizamos”, explica o gerente.

Projeto Peixe-Boi - Outra ação desenvolvida pela AMPA é o Projeto Peixe-Boi, onde são realizada pesquisas com animais da espécie que vivem em cativeiro além da reintrodução de alguns destes mamíferos à vida na natureza.

O peixe-boi da Amazônia, encontrado apenas na região norte do país, é vítima de caçadores desde o início do século passado, entre as décadas de 30, 40 e 50, por conta da sua carne - muito apreciada na região - e de seu couro, que foi muito utilizado na época do desenvolvimento industrial na fabricação de correias para máquinas domésticas e industriais por ser considerado um material altamente resistente.

Silva conta que o período em que o peixe-boi está mais vulnerável é na época de seca dos rios, quando eles precisam migrar para áreas mais profundas, como lagos. “Nessa época eles são caçados para o comércio ilegal de carne que é vendida aqui mesmo, em Manaus”, completa.

Atualmente, a associação conta com 51 peixes-bois que vivem em cativeiro. Com esses animais, os integrantes do projeto conseguem realizar diversos tipos de pesquisas que ajudam a aprofundar os conhecimentos sobre a espécie. “Nós já conseguimos, por exemplo, desenvolver uma forma láctea para alimentar os filhotes órfãos que chegam até nós a partir do leite de uma fêmea que teve filhote em cativeiro”, exemplifica o diretor.

Além das pesquisas, a AMPA está tentando introduzir alguns dos animais que hoje estão em cativeiro à vida natural. A primeira tentativa realizada pelo projeto aconteceu em 2008, quando dois peixes-bois foram soltos na natureza. “Nós continuamos a acompanhá-los depois que eles foram soltos através de um sistema chamado radiotelemetria . Nesta tentativa um dos animais desapareceu. Acreditamos que ele tenha emagrecido muito e por isso o cinto de identificação se soltou do seu corpo”, lembra Silva.

Em 2009 mais uma tentativa com outros dois animais foi realizada. “Nesta segunda tentativa os dois animais foram resgatados de volta, porém um acabou morrendo”, conta o diretor.

No ano passado, três animais foram levados para um lago semi-natural com um espaço de 11 hectares. “Mudamos o nosso protocolo de soltura. Dessa vez queremos que eles façam um ‘estágio’ antes de serem soltos na natureza”, adianta Silva.

Os interessados em colaborar com a AMPA podem acessar o site da ONG e adquirir um dos kits disponíveis na loja virtual. O valor arrecadado com a venda dos kits é revertido para o trato dos animais. Para saber mais sobre a Associação Amigos do Peixe-Boi, acesse - http://www.ampa.org.br/

 

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