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NEMA ajuda a proteger lobos e leões-marinhos que vivem na costa do Rio Grande do Sul

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NEMA ajuda a proteger lobos e leões-marinhos que vivem na costa do Rio Grande do Sul

Casos e Contos 30/11/-0001
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Talvez poucas pessoas saibam que no Brasil também podemos encontrar lobos e leões-marinhos vivendo livres na natureza. Essas espécies de animais, que geralmente habitam regiões com baixas temperaturas, podem ser encontradas na região sul do país, onde existem duas colônias utilizadas como locais de descanso por estas espécies – A Ilha dos Lobos, no município de Torres, e a extremidade do Molhe Leste, em São José do Norte. Ambos são unidades de conservação na categoria Refúgio da Vida Silvestre localizadas na costa do estado do Rio Grande do Sul, e são as únicas colônias de descanso no Brasil onde esses animais, classificados como pinípedes, podem ser encontrados.

Nos meses de inverno, outono e primavera dezenas de leões e lobos-marinhos podem ser observados descansando ao sol nas pedras da Ilha de Torres e do Molhe Leste. Nesse período do ano, esses animais migram para o Brasil para utilizar os refúgios como locais de descanso e como ponto de partida para seus deslocamentos alimentares.

Para ajudar a preservar e também para desenvolver estudo sobre ambas as espécies marinhas que chegam até a costa do Rio Grande do Sul foi criado em 1988 pelo NEMA (Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental) em parceria com o IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), o Projeto Mamíferos Marinhos do Litoral Sul, com o objetivo de proteger os pinípedes que migram para a costa do Brasil e seus ecossistemas associados. “O NEMA é uma organização não governamental que atua há 24 anos na conservação dos ecossistemas costeiros e da biodiversidade do sul do país”, explica Kleber Grübel da Silva, oceanólogo, doutor em Oceanografia Biológica e coordenador do projeto.

Através do projeto, o NEMA realiza estudos da dinâmica de ocupação dos pinípedes nas duas unidades de conservação do estado, faz resgates e reintrodução de animais que aparecem na zona costeira, além de organizar campanhas de educação ambientais para as comunidades locais “O objetivo dessas campanhas é reduzir o conflito entre as espécies com os pescadores”, explica Silva.

O conflito apontado pelo coordenador acontece por conta da alimentação dos lobos e leões-marinhos ser composta basicamente por peixes de diferentes espécies, incluindo algumas de grande valor comercial. Por isso, além de caçarem a sua própria comida, os pinípedes também se alimentam diretamente nas redes de espera dos pescadores, sendo esta a principal causa da mortalidade dos animais encontrados durante o monitoramento das praias, uma das ações realizadas pelo projeto. “Embora não sejam animais ameaçados de extinção, ambas as espécies de mamíferos marinhos tem sofrido declínios na taxa populacional em relação às populações originais do Atlântico Sul. São espécies que possuem conflitos antrópicos muito fortes. Um dos principais obstáculos é a interação com a pesca, que resulta anualmente na morte de cerca de uma centena de leões-marinhos na costa do Rio Grande do Sul”, conta Silva.

Para colocar em prática todas as ações desenvolvidas com os lobos e leões-marinhos, o projeto conta com quatro profissionais de nível superior envolvidos diretamente nestes trabalhos. “São oceanólogos, biólogos e ecólogos. Anualmente, aproximadamente 03 estudantes universitários fazem estágios aqui no projeto”, conta.

Juntos, esses profissionais ajudam a monitorar a população de pinípedes que ocupa anualmente a costa do Rio Grande nas duas unidades de conservação. “Um número estimado entre 300 e 500 animais”, contabiliza Silva.

Segundo avalia o coordenador, a importância da conservação de ambas as espécies de mamíferos marinhos na costa brasileira é muito importante. “Como premissa conservacionista, todas as espécies da biodiversidade tem seu valor intrínseco, pelo simples fato de existir. Em segundo plano, podemos ressaltar a importância destas espécies para o equilíbrio dos oceanos, já que como predadores do topo da cadeia alimentar eles são bons indicadores da saúde dos mares, além do grande potencial para o turismo ecológico que as duas unidades de conservação possuem”, conclui.

 

Sobre os pinípedes

Lobos e leões-marinhos fazem parte de uma família dos mamíferos marinhos, os pinípedes – animais que realizam parte de seu ciclo de vida no mar, como a alimentação, e outra parcela em terra, como o descanso e a reprodução.

Alimentam-se de peixes, moluscos e crustáceos, e armazenam gordura em seus corpos o que os ajudam manter aquecidos em áreas geladas.

O termo pinípede vem do formato dos membros anteriores e posteriores dos animais, que são formados por nadadeiras (pina = pena e podos = pés) com dedos compridos e unidos por membranas. São animais que apresentam o corpo fusiforme coberto de pelos que anualmente são renovados.

No litoral brasileiro existe a ocorrência de 07 espécies desses tipos de mamíferos. As duas mais freqüentes são o leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens), e o lobo-marinho-comum (Arctocephalus australis). Além dessas, outras espécies ocasionais podem ser vistas em nossa costa, como o lobo-marinho-de-peito-branco (Arctocephalus tropicalis), o lobo-marinho-antártico (Arctocephalus gazella), o elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina) e a foca-leopardo (Hydrurga leptonix).

Para saber mais sobre o NEMA, acesse - http://www.nema-rs.org.br/


Juliana Barbosa para Bombarco
Foto: Sérgio Estima/NEMA