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Apuro em Lopes Mendes

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Apuro em Lopes Mendes

Manutenção de Equipamentos 30/11/-0001
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Saímos no nosso veleiro Bertoleza, em março de 2007, eu, Fábio e Cláudio, de madrugada da marina em Paraty para irmos mergulhar na Ilha Grande. A idéia era pernoitar em Lopes Mendes, uma praia que fica de frente para o mar aberto, uma das mais famosas da região por sua beleza e também pelo perigo que a cerca. Antes de sairmos, verificamos todas as possibilidades de haver ventos fortes, tempestades, pois caso houvesse qualquer sinal de problema, não ancoraríamos lá, pois sabemos que é bastante perigoso, devido à proximidade com as pedras.

Saímos por volta de 2h e chegamos às 7h, mergulhamos o dia todo, fomos até a praia, curtimos muito. À noite, ancoramos o barco em um lugar protegido do vento leste, porém perto das pedras. Como o veleiro era pequeno achamos que estaríamos seguros ali.

Paramos, fizemos churrasco, conversamos bastante e fomos dormir. Por volta das 3h começamos a perceber um vento diferente. Eu, que estava na ponta do barco, conseguia ver o contorno da ilha na noite, de repente ficou tudo preto e eu não via mais nada.

Começou a chover e foi ficando cada vez mais forte. O mar ficou todo branco de espuma, de tanta chuva e vento. Tínhamos um toldo amarrado no barco e quando a chuva batia nele fazia um barulho ensurdecedor. Quando fomos tentar desamarrá-lo ele estourou com o vento e saiu voando. Foi um susto!

Nosso maior medo era que o barco fosse atirado contra as pedras, precisávamos sair dali, mas desancorando, o risco de sermos levados aumentava ainda mais.  Quanto mais o cabo é puxado, o veleiro fica com menos estabilidade, sendo ainda mais perigoso.
Ilha de Jorge Grego vista de Lopes Mendes.

Resolvermos tentar sair, o Fábio foi para o motor e eu fui para a âncora. Quando o cabo estava bem puxado, com uns três metros apenas, começamos a ser levados para as pedras e eu comecei a gritar para ele acelerar o máximo possível. Devagar, conseguimos sair dali e ir para um local mais seguro.

Depois do sufoco, ficamos sabendo que havia sido informado no Jornal Nacional que uma frente com muitos ventos estava se aproximando do litoral. Minha esposa tentou nos avisar, mas lá não havia sinal de celular, nem de rádio.


Na manhã seguinte, encontramos algumas pessoas que comentavam da ventania e quando dissemos que estávamos em Lopes Mendes durante a noite todos ficaram muito surpresos por saberem que tínhamos passado por essa sem acontecer nada de grave.

Essa história é um alerta para aqueles que costumam ancorar próximo a praias e pedras, confiando na previsão meteorológica. É importante sempre contar com os imprevistos que podem ocorrer para garantir a segurança do passeio.

Way points: Paraty 23°14'09.41" S / 44°37´12.83" W    Lopes Mendes 23°10'00.07" S / 44°07'36.91" W



Renato Carvalho Nogueira

34 anos, empresário, veleja desde os 20 anos em Paraty.


Mogi das Cruzes - SP

 

Fotos: Arquivo Pessoal / Jornalista: Aline Eira MTB 55.879-SP