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Descobertas a bordo do veleiro Santa Paz

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Descobertas a bordo do veleiro Santa Paz

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A história da família que ficou conhecida por realizar viagens ao redor do mundo a bordo do veleiro Santa Paz, começou em 2003. O empurrãozinho para a realização do sonho foi a notícia recebida pelo jornalista Lucas Tauil de Freitas que estaria com câncer na próstata. Após quatro meses convivendo com a ideia da doença, descobriu-se que o diagnóstico estava errado. Entretanto, a boa notícia manteve os planos do casal Lucas e Sandra Chemin inalterados. Assim decidiram partir em busca de seus sonhos.

Sandra lembra que o período que enfrentaram a notícia da doença foi importante para o casal rever sua vida, bem como a realização destas vontades. “Achamos que poderia ser a melhor lembrança para os nossos filhos. Na época a Clara, com nove anos hoje, tinha um ano e um mês e a Júlia, atualmente com seis anos, foi concebida durante a primeira expedição no Mediterrâneo. Acredito que a doença foi uma coisa boa. Para mim, foi um chamado! Era o momento de tirar da gaveta os sonhos guardados”, afirma.

Após tomarem a decisão, Sandra conta que passaram dois anos na Europa. “Eu passei sete meses da gravidez a bordo. Depois disso, voltei para o Brasil e ficamos quatro anos em Paraty, no Rio”, diz.

Dentre as aventuras já vividas pela família estão a Volta ao Mundo, que iniciaram em 2009, a travessia por todo o Caribe, o canal do Panamá, entre outros. “Queremos retomar nossa viagem de Volta ao Mundo em março do ano que vem, quando terminam a estações de furacão no Pacífico Sul. E aí, vamos para o Sudeste da Ásia em 2013 e pretendemos voltar ao Brasil em 2014”

Com relação aos estudos das meninas, Lucas explica que a educação a bordo foi a alternativa que encontraram para não comprometer a sua formação. Ela é feita por meio da Pedagogia Waldorf, introduzida por Rudolf Steine, um método usado em mais de 80 escolas no Brasil. “Este método privilegia a música, bem como a parte de educação envolvendo artes e o uso de objetos naturais. Ou seja, não tem envolvimento com o mundo digital, é tudo analógico. É mais um desenvolvimento interno do que o conteúdo propriamente dito”.

Além disso, o jornalista conta que quando viviam em Paraty, o casal ajudou a formar uma escola comunitária. “A partir daí, resolvemos adotar esta metodologia de ensino quando fomos para o barco”. É importante lembrar que a orientação da educação a distância é feita por uma tutora, que os auxilia quanto ao método por telefone. O contato da tutora pode ser verificado no site www.waldorfwithoutwalls.com.

O Santa Paz, embarcação utilizada pela família desde 2003 para as viagens, é um monocasco de 39 pés, de um mastro só, com 12,20 metros de comprimento e 3,70 metros de boca, três painéis solares e gerador eólico. “Ele é confortável e seguro, o que é mais importante”, ressalta Sandra.

De acordo com a publicitária, uma das maiores motivações na aventura à vela é poder conhecer o mundo e também mostrá-lo às filhas. “O nosso objetivo é mostrar os valores que julgamos importantes, como o companheirismo, a autosuficiência, respeito à natureza e ao outro. Quando vivemos em um espaço pequeno, adquirimos muita consciência do seu limite e do outro. Não podemos só pensar em nós mesmos. Isso é uma das coisas que uma vida a bordo propicia, além de ensinar também o valor da gratidão e da solidariedade".

Dentre tantas viagens que realizaram, Sandra relembrou de uma situação recente que passaram em alto-mar. O fato aconteceu em março deste ano em um trecho que percorriam do Panamá até as Ilhas Galápalos.

“A região é conhecida por ser uma zona de calmaria e poucos ventos. Ouvimos dizer também que o local era famoso por ter tempestades elétricas. No segundo dia de travessia, enfrentamos uma tempestade destas por aproximadamente 12 horas. Foi um momento de tensão. Os raios vinham de todas as direções e em intervalos muito curtos. Para se ter uma ideia, as nuvens podiam ser mapeadas no radar, que, normalmente usamos para rastrear barcos e navios à nossa frente. Sabemos que se um destes raios caírem no barco, todos os equipamentos eletrônicos podem parar de funcionar. Por isso, para que os aparelhos essenciais como o telefone e o GPS não estragassem, nós os colocamos dentro do forno, por ser uma Gaiola de Faraday, ou seja, uma caixa de metal envolvida por material isolante e uma camada de metal, que protege os aparelhos. O engraçado foi quando as crianças acordaram no dia seguinte e encontraram todos os aparelhos ali dentro”, lembra.

Para Sandra, experiências como estas são difíceis de serem evitadas, mesmo com a consulta da meteorologia. “Quando atravessamos o oceano, mesmo com grande atenção na previsão do tempo, ficamos sujeitos a passar por isso. O que podemos fazer é ir mudando o rumo de acordo com a previsão. Por isso, é importante fazer um bom planejamento de rota e ao longo da viagem, ajustar o caminho. Aprendemos a ter a rotina de nos revezarmos a cada três horas. Ou seja, durante uma travessia, sempre fica uma pessoa acordada. Mesmo que na minha vez de dormir, eu não esteja com sono ou cansada, é importante descansar, pois, se houver uma situação difícil, temos que estar inteiros para enfrentá-la”, aconselha.

Para conhecer um pouco mais sobre a trajetória da família visite o site www.santapaz.com.

Laíla Kamegasawa para o Bombarco
Foto: Divulgação