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Dupla de velejadores se prepara para as Paralimpíadas de Londres

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Dupla de velejadores se prepara para as Paralimpíadas de Londres

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Superar desafios, não só aqueles que lhes foram impostos pela vida, mas também aqueles que surgem junto com a prática de esportes. Além da vela adaptada, podemos dizer que vencer barreiras e transpor dificuldades também é uma modalidade praticada pelos velejadores paralímpicos Elaine Cunha, 30 anos e paraplégica incompleta, e Bruno Landgraf, 25 anos e tetraplégico incompleto.

Juntos, os dois conquistaram uma vaga inédita para o Brasil nas Paralimpíadas de Londres na classe Skud 18 durante o Mundial de Vela Adaptada, disputado entre os dias 30 de junho e 08 de julho de 2011 em Weymouth, na Inglaterra. A conquista da quarta vaga das cinco disponíveis na disputa foi marcada pela superação de velejar a bordo de um barco completamente novo, além de enfrentar as condições adversas de tempo de outro país.

Foi difícil para mim e o Bruno, afinal estávamos em um barco Skud desconhecido para nós e alugado de outro país para possibilitar a nossa participação no Mundial. O barco, obviamente, não era preparado para nós. Tivemos que adaptá-los em poucos dias conforme nossas necessidades e nos adaptar ao que não era permitido ser alterado. Aprendemos a dominar o barco, que é muito diferente do que treinamos aqui, muito mais veloz e com um balão diferente que não temos no Brasil. Além disso, precisamos nos acostumar com as condições climáticas de lá, com o frio intenso e o forte vento sempre acima de 20 nós, além da diferença de fuso horário. Enfim, foi uma luta! E saber que apesar de tudo, ainda conquistamos esse ótimo resultado é muito gratificante”, lembra Elaine, que treina na modalidade há dois anos.

Para o seu parceiro Bruno, que também treina há dois anos, a vitória foi muito importante por ser a primeira equipe brasileira de Skud 18 a participar de um Mundial. “Treinamos com o barco Poli 19 e não conhecíamos bem o Skud 18, e mesmo com as dificuldades fomos bem. É muito gratificante conseguir a vaga para nós e para o nosso país”, conta.

Os dois velejadores se conheceram na Fisioterapia. “Comecei a treinar na Vela uns meses antes que a Elaine. Conversamos e eu disse para ela conhecer o esporte. Ela gostou e desde então nos tornamos parceiros”, lembra Bruno. “Ele precisava de uma mulher também deficiente, mas com boa modalidade, para formar uma equipe de Skud 18 com ele. Então desde que entrei na vela eu treino com o Bruno”, completa Elaine. Na classe em que os dois competem, a dupla precisa necessariamente ser formada por um casal.

Antes de começar a velejar, Bruno já tinha participado de aulas de natação por um ano e meio e Elaine já tinha praticado remo adaptado pelo Clube Bandeirantes, na raia Olímpica da USP (Universidade de São Paulo), também por um ano e meio. Os motivos que levaram a dupla a seguir para a vela são praticamente os mesmos “Fiquei deslumbrada com a beleza do meio em que se pratica o esporte e com a sensação de liberdade que me proporcionou. Na época eu praticava remo, e embora goste desse esporte onde minha classe era a individual, sempre gostei mais do trabalho em equipe e por isso optei pela vela”, conta Elaine. Já Bruno lembra que velejou pela primeira vez em 2008, mas apenas no ano seguinte começou a treinar na modalidade “Quando comecei a praticar vela gostei muito, por causa do ambiente, por ser uma novidade para mim e também por ser um esporte onde eu posso aprender muito”, conta.

Ambos os velejadores também são unânimes quando falam sobre as dificuldades em se praticar vela adaptada no Brasil. Para Bruno o maior obstáculo “é ter que competir sem ter treinado em um barco oficial e não contar com uma estrutura adequada para praticar”. “Temos a Paralimpíada no Rio em 2016 e até lá esperamos que muita coisa tenha mudado nesse sentido”, complementa Elaine.

Preparação para as Paralimpíadas - Apesar de treinarem juntos no Clube ASBAC (Associação dos Servidores do Banco Central) na represa Guarapiranga em São Paulo, onde fazem parte do projeto Superação Paradesportivo, a dupla nunca tinha participado juntos de uma competição oficial. “Todos os meses participamos de regatas pelo clube em que treinamos, onde pontuamos mensalmente para um resultado ao final do ano e para a premiação. Nessas regatas participam barcos de diversos tamanhos. Mas a nossa primeira competição oficial foi no Mundial”, lembra Elaine.

Quando estão a bordo, cada um deles desempenha funções específicas para controlar a direção e a velocidade do barco. “Eu cumpro a função de proeira, para isso me posiciono na parte dianteira do barco em uma cadeira adaptada e através dos cabos controlo as velas, que são o que dão a potência ao deslocamento do barco. O Bruno é o timoneiro, ele fica atrás de mim, também em uma cadeira adaptada e controla o leme do barco através de adaptações conforme a sua necessidade”, explica Elaine.

Para as Paralimpíadas de Londres, que começam em agosto e seguem até setembro deste ano, a dupla tem intensificado os treinamentos em busca de um bom resultado na terra dos ingleses “Depois da classificação fizemos um planejamento para treinarmos de quinta a domingo quando velejamos com o barco Poli 19, já que não temos o Skud 18 aqui no Brasil. De segunda à quarta-feira fazemos treinos complementares como fisioterapia, musculação, hidroterapia entre outras funções”, adianta Bruno.

Nossa equipe, eu o Bruno e o nosso treinador Vitor Hugo, estamos trabalhando muito, vencendo obstáculos e lutando contra tantos outros que ainda temos pela frente. Esperamos vencer essa batalha, proporcionar alegria e orgulho ao nosso país e servir de incentivo a muitos outros deficientes. Sabemos a responsabilidade que temos pela frente. Torçam por nós”, pede Elaine.

Além das Paralímpiadas a dupla também deve participar da Semaine Olympique Francaise, em abril na França e da Skandia Sail for Gold Regatta na Inglaterra em junho.

 

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Foto: Arquivo pessoal