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Reveillon entre Ubatuba e Ilhabela. Cuidado com as armadilhas!

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Reveillon entre Ubatuba e Ilhabela. Cuidado com as armadilhas!

Manutenção de Equipamentos 30/11/-0001
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Programamos, eu e minha esposa Danielle, um passeio diferente para o Reveillon em nosso veleiro Sem Fim - um barco de 30 pés equipado para cruzeiro. O plano era ir em busca dos Dourados que se aproximam do litoral de SP nesta época do ano.

Partindo do Saco da Ribeira, em Ubatuba às 5h, tomamos o rumo de Ilha Vitória. Prosseguimos por mais algum tempo neste rumo até uma profundidade entre 70m e 100m. De acordo com estudos na carta e pescarias anteriores, a partir deste ponto até mais ao sul de Ilha Bela, esta região é bastante produtiva na pesca dos peixes que procurávamos.

Por volta de 10h, com sol bastante forte, céu claro e visibilidade muito boa, estávamos com cinco linhas na água com vários tipos de isca em diversas distâncias e sentimos uma das carretilhas literalmente disparar. Assim que tirei a velocidade do barco, deixando-o somente com o mínimo para que o piloto automático continuasse dando conta do recado e eu pudesse "duelar" com o peixe, a segunda carretilha também disparou.

Pedi à Danielle que empunhasse o outro conjunto e começasse a "frear" a carretilha enquanto eu tirasse o primeiro peixe. Sabemos que é comum este tipo de peixe se deslocar em cardumes. Quando começamos a dominar a situação e, já há algum tempo com toda a atenção voltada para a popa do barco, tivemos uma desagradável surpresa. Quando olhamos para frente, estávamos indo em direção a um enorme espinhel.

Os espinhéis são grandes cordas que ficam boiando com várias linhas amarradas a ela. Cada uma destas linhas fica com um anzol na ponta e uma isca viva. Geralmente medem 3 km a 5 km de comprimento e são extremamente perigosos à navegação. Nunca imaginamos ter quaisquer problemas a esta distância da costa, no mínimo umas 20 milhas pra fora de Ilha Bela.

Quando percebi, o cabo do espinhel que já estava na altura da quilha do barco, rapidamente desengrenei o motor e por muita sorte o cabo "deslizou" por baixo da quilha, do eixo e da hélice. Foi um alívio!

Agora, os problemas eram os peixes que estavam fisgados. Avisei a Danielle que nossas chances eram mínimas de sacar os peixes, pois tínhamos que continuar avançando vagarosamente para fora do espinhel e eu não queria arriscar uma manobra próxima ou de retorno à armadilha. Dito e feito, os dois peixes se enroscaram no espinhel e os perdemos assim como as iscas.

Depois do susto e da perda dos peixes, comuniquei o Yatch Club de Ilha Bela sobre a existência do artefato naquelas águas e eles passaram o resto do feriado emitindo comunicados de alerta aos navegantes. Chegamos para o pernoite no Saco do Sombrio por volta das 17h, ainda assustados com a situação que poderia ter piorado caso enroscássemos o barco no cabo cheio de anzóis.
Nossa história do mar serve como aviso aos navegantes para sempre manterem alguém vigiando o rumo do barco, assim como instrumentos e comandos. Mesmo afastado de qualquer obstáculo é bom manter um tripulante com experiência  atento a tudo.

Ubatuba: 23º26'05.43'' S | 45º04'11.90'' W  /  Ilha Bela: 23º55'01.47'' S | 45º19'25.99'' W

Adriano Perazio

33 anos, empresário, capitão amador, navega desde os 12 anos e veleja há 2 anos.

Danielle De Maria

35 anos, Médica Veterinária, arrais amadora, navega há 5 anos e veleja há 2 anos.

Veleiro sem fim - Paraty - SP

Fotos: Arquivo Pessoal / Jornalista: Aline Eira MTB 55.879-SP