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A história contada nos destroços do fundo do mar

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A história contada nos destroços do fundo do mar

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11 de setembro de 1884. Com 55 tripulantes e cinco passageiros, partia de Santos, o navio inglês Dart, cargueiro construído em 1882. Além do transporte de passageiros, o navio também levava carga de café entre Santos e Nova Iorque. Estava previsto também uma escala no Rio de Janeiro para o embarque de outros passageiros.

No entanto, poucas horas após ter zarpado, a cerração e um erro de navegação provocou o choque do navio contra as rochas, em frente ao Morro do Simão, em Ilhabela. Partido ao meio, a embarcação afundou aos poucos, o que permitiu o resgate dos passageiros e tripulantes.

Algum tempo depois do acidente, moradores locais descobriram as refinadas peças do aparelho de jantar do navio e começaram a saqueá-lo. Essa "descoberta" fez com que o Dart ficasse popularmente conhecido na região como o "navio das louças".

A história do naufrágio do navio inglês é apenas uma entre as inúmeras que marcaram a história de Ilhabela. Tais acontecimentos fizeram com que a ilha, na época, ficasse conhecida também como o Triângulo das Bermudas da América do Sul. Sem contar os registros das pequenas embarcações, acredita-se que mais de uma centena de barcos, pesqueiros e veleiros tenham afundado, principalmente, na costa sul.

Para os antigos marinheiros e caiçaras, os naufrágios na ilha teriam uma explicação. As embarcações tinham seus instrumentos de navegação alterados por um inexplicável e misterioso campo magnético. Isso fazia com que as embarcações desviassem de suas rotas e colidissem com as rochas e lajes submersas da costeira. 

Paraíso dos mergulhadores

A longa lista de acidentes envolvendo embarcações faz com que a costa sul de Ilhabela seja considerado o paraíso do mergulho em naufrágios. É o caso do destroços do Dart.

Com profundidade que varia entre 7 e 12 metros, é possível encontrar no local louças e garrafas do navio, além da fauna local típica, como peixes mero, garoupa, lagosta, moréia e raias. A média de visibilidade subaquática é de 6,5 metros.

Outro naufrágio que atrai bastante a atenção devido ao seu nível de facilidade aos mergulhadores iniciantes é o Therezina, ex Siegmund. O acidente do cargueiro ocorreu em 3 de fevereiro de 1919, na região dos Borrifos.

De nacionalidade brasileira, o vapor foi construído em 1905 e tinha como destino Havre, na Holanda, e levava um carregamento de 288 toneladas de farinha e café. Há várias versões para as causas do acidente, que vão desde chuva e visibilidade limitada, forte nevoeiro e até mesmo de um choque entre dois vapores.

O Therezina está em uma profundidade que varia de 7 a 15 metros, com média de visibilidade aquática de 6,5 metros. No local é possível observar peixes diversos e os destroços cobertos por algas e esponjas.

A maior tragédia marítima registrada no Brasil também ocorreu em Ilhabela, com o transatlântico espanhol, Príncipe das Astúrias. Ocorrido em 6 de março de 1916, o naufrágio é sempre comparado ao Titanic, vapor britânico que havia afundado dois anos antes no Atlântico Norte.  

Segundo informações da Fundação Museu de História, Pesquisa e Arqueologia do Mar, em São Sebastião (SP), que possui setor dedicado aos naufrágios ocorridos na região, são várias as coincidências entre o Príncipe das Astúrias e o Titanic. Além de terem sido construídos no mesmo estaleiro na Escócia, as causas do naufrágio teriam sido as mesmas, a imprudência do comandante.

No entanto, o que realmente levou o navio a afundar é controverso. Há relatos de choque com as rochas da ilha escondidas pelo mar agitado e até o navio ter sido abalroado por transportar ouro alemão, já que naquele ano, o Brasil ocupava uma posição de neutralidade na Primeira Guerra Mundial.

No navio, estavam registrados 654 passageiros, sendo 193 tripulantes. Mas há versões de que o navio levava mais de 800 imigrantes clandestinos nos porões, fugidos da guerra.

O violento choque teria “sugado” o navio ao oceano, em menos de cinco minutos. Isso levou a morte de mais de 477 pessoas, e a maioria estava presa nos escombros do navio. Visitar os destroços do Astúrias é ainda uma tarefa difícil até mesmo para os mergulhadores mais experientes.

Mas não se preocupe com essa "fama" do passado da ilha. Vale lembrar que, hoje, são raros esse tipo de acidente na região. Se você gosta de aventura, não deixe de conhecer Ilhabela, o paraíso do mergulho em destroços.

Thassia Ohphata

Fotos: Site da Fundação Museu de História, Pesquisa e Arqueologia do Mar, de São Sebastião
www.fundacaomar.org.br