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Profissão designer de barcos

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Profissão designer de barcos

Mercado 30/11/-0001
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“Navigare necesse; vivere non est necesse", frase em latim, que significa Navegar é preciso, viver não é preciso, dita pelo general romano Pompeu, em 106-48 aC., aos marinheiros, amedrontados, que se recusavam a viajar durante a guerra.

Eles foram, e olha que na época, a navegação marítima era cheia de desafios e perigos, não só porque no mar não existia um caminho (hoje os navios circulam por rotas traçadas com o auxílio de instrumentos) mas também porque as embarcações eram rudimentares e pouco seguras.

Os povos da antiguidade ficaram na história pelos feitos que realizaram no mar e pelas embarcações construídas e aprimoradas com o tempo.

Atualmente, a construção de um barco começa (como a construção de uma casa ou de um edifício) pelo projeto.

E um dos mais famosos projetistas mundiais de barcos de turismo e lazer, o argentino Néstor Völker, deu a seguinte entrevista exclusiva para o Bombarco:

Bombarco (B) - Há quanto tempo você trabalha nesse segmento?
Néstor Völker (NV) - Estou na indústria de design de embarcações há 43 anos e, de forma independente, há 32.

B - Como foi seu início no segmento náutico?
NV – Sempre gostei de desenhar barcos, desde bem pequeno. Com apenas 16 anos eu projetei um barco de 32 pés para meus pais. Fui para a universidade e logo no início já comecei a trabalhar com projetos de embarcações e quatro anos depois de concluir meus estudos decidi começar meu próprio negócio de engenharia naval.

B - Como esse mercado tem se comportado na maioria dos países?
NV - Na Europa a atividade não está tão boa quanto era há alguns anos, exceto nos casos de embarcações muito grandes, que começam a demonstrar recuperação. Na Argentina, a área de barcos a vela esta praticamente parada, enquanto a de barcos a motor continua bem ativa. No Brasil, aparentemente, a crise não afetou as vendas e permanece muito bem.

B - Você conhece bem o Brasil e os designers daqui?
NV – Felizmente, hoje sou um dos profissionais que mais desenvolve projetos de embarcações a vela no Brasil. Os barcos desenhados por mim são: o Delta 32, o Delta 45, o Delta 41 sairá em breve, o Skipper 21, o Skipper 30, o Skipper 38 também em breve, o Bora Bora 29, o Hosk 56, o Wind 43, o Wind 33 quase pronto, e, em pouco tempo, o Chourik 40 e o Heleno 19.
Outro designer de barcos a vela que posso recomendar é o Horácio Carabelli e tem também o Roberto Barros que se mudou para a Austrália. Com relação a barcos a motor tem o Márcio Schaefer que desenha para seu próprio estaleiro o Schaefer Yachts.

B – O que você considera uma carência na profissão de designers de barcos? O que poderia contribuir com o desenvolvimento desse mercado?
NV – Hoje há uma grande diferença entre as linhas do casco e a aparência da embarcação externamente e internamente. Em nosso escritório trabalhamos com os dois tipos de projeto. Mas, por exemplo, estou desenvolvendo um barco a motor de 108 pés (33 metros de comprimento), neste caso só fizemos o desenho interno enquanto um designer de interiores está trabalhando nos complementos. Essa é uma boa combinação. Penso que existe quantidade suficiente de projetos para os bons arquitetos navais, como em toda profissão, quando a pessoa é dedicada ao trabalho.

B – Que técnicas você utiliza? O que é mais importante de se levar em consideração ao projetar um barco?
NV – Existem dois tipos de clientes. Um é o estaleiro, com quem se senta e discute qual é o melhor tipo de barco para o mercado naquele momento. E, com essas informações fazemos a proposta de trabalho.
O outro é o cliente individual que pretende fazer seu próprio barco. Neste caso, primeiro realizamos o projeto preliminar que será avaliado pelo cliente, discutido, corrigido e depois fazemos o projeto final. Hoje usamos softwares muito sofisticados.
Deve-se pensar que o barco ficará tanto mais bonito quanto mais usarmos as idéias do cliente. O importante é que o cliente fique feliz com seu barco.

B – Por favor, deixe uma mensagem aos leitores Bombarco.
NV – O mais importante é sempre fazer o que se gosta verdadeiramente.

Vanessa Xavier
Da Agência Casa da Notícia, para Bombarco