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Vela Adaptada busca apoio e incentivo no Brasil

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Vela Adaptada busca apoio e incentivo no Brasil

Esporte náutico e Lazer a Bordo 30/11/-0001
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Já com uma participação em uma Paralimpíada no currículo e uma vaga garantida para os Jogos que acontecem em Londres esse ano, a Vela Adaptada no Brasil, assim como os seus atletas, supera desafios para mostrar que o mar é para todos.

Praticada oficialmente no país desde 2004, a modalidade busca a ascensão profissional dos atletas e a divulgação do esporte para a equipe poder dispor de meios e apoio necessários para a sua caminhada paralímpica.

No geral, a vela adaptada não é muito diferente da vela comum. A modalidade pode ser praticada por qualquer deficiente físico e tem o modo de competição e as regras idênticas a vela regular. “A única diferença está nas adaptações das embarcações para a tripulação e a classificação do grau de deficiência que eles possuem”, explica Walcles Figueiredo de Alencar Osório, presidente da Confederação Brasileira de Vela Adaptada.

São essas adaptações citadas por Osório que fazem a diferença e possibilitam que os atletas velejem com mais segurança. “Em princípio, todo e qualquer barco pode ser usado por deficientes, o que muda são as alterações que eles recebem como alças para facilitar o movimento no interior da embarcação, bancos especiais, e reduções nos cabos para facilitar puxar as velas. Já aqueles barcos que a maneira de velejar é mais crítica, uma tendência atual dos esportes radicais, são mais difíceis de serem adotados por razões óbvias, mas não me surpreenderei se em breve algum deficiente o faça, pois é incrível a capacidade desses atletas”, comenta Osório.

Para as competições oficiais, como as Paralimpíadas, são utilizados os barcos das classes 2.4 – para um tripulante, Sonar – para até três tripulantes, e Skud 18 – onde a dupla deve ser formada por um homem e uma mulher e é obrigatório que o timoneiro seja um tetraplégico e o proeiro seja paraplégico.

No Brasil, estima-se que menos de uma centena de atletas pratiquem a modalidade, concentrados principalmente nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.  “Brasília tem feito um bom trabalho de arregimentação, buscando meios fora das áreas onde já se pratica a vela. Os demais estados têm se dedicado, porém sofrem com a falta de tradição na modalidade além de dificuldades financeiras”, avalia o presidente. Para se manter, a vela adaptada recebe fundos provenientes da Lei Piva, sancionada em 2011 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso que estabelece que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país sejam repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Até hoje não temos nenhum patrocinador. O núcleo de Brasília tem recebido algum apoio do governo do Distrito Federal, mas os demais ainda não conseguiram nada”, conta Osório.

O resultado da falta de incentivo para a modalidade é que ainda não são realizadas competições regionais do esporte. “A principal competição de vela adaptada no país é o Campeonato Brasileiro que serve como seletiva para escolher quem será o nosso representante no Campeonato Mundial”, comenta o presidente da Confederação.

Foi no Mundial de 2011, disputado na Inglaterra, que a dupla Bruno Landgraf e Elaine Cunha, da classe Skud 18 conquistaram a vaga para as Paralímpiadas de Londres. “O grande mérito da vela adaptada é já ter conseguido se classificar para as duas últimas Paralímpiadas. Alguns países que já estão competindo a mais tempo que nós ainda não conseguiram o mesmo”, analisa o presidente.

Além da falta de competições, o esporte sofre ainda com a falta de interesses dos clubes em abrir escolas de vela adaptada. “Mas temos alguns colaboradores em nossos núcleos, como o Iate Clube Guaíba, em Porto Alegre, Lagoa Iate Clube em Florianópolis, a Associação do Banco Central em São Paulo, Iate Clube Cota Mil em Brasília, e do Clube Naval Charitas e Iate Clube do Rio de Janeiro, ambos no Rio, que contam com escolas para deficientes. Os interessados em praticar a modalidade podem procurar um desses lugares para começar no esporte”, cita o presidente.

Mesmo com a falta de incentivo e divulgação da modalidade, o presidente acredita que a vela adaptada tem futuro no Brasil, assim como a vela normal já demonstrou a sua capacidade quando conquistou medalhas olímpicas para o país. “A vela é um esporte de extrema autoconfiança, onde o velejador encontra sua total liberdade de ação e assume seus riscos e glórias. De um modo geral, o esporte proporciona uma vida em meio a natureza, um desafio no mar que encanta a todos. A modalidade é uma maneira de transportar todos esses benefícios para o cotidiano dos deficientes, que enfrentam verdadeiras batalhas para viver em cidades que não são devidamente adaptadas para eles”, avalia Osório.

Para saber mais sobre a Vela Adaptada acesse o site do Comitê Paralimpíco Brasileiro - http://www.cpb.org.br/modalidades/vela/

 

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