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Família está há 8 anos viajando em um Trawler

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Família está há 8 anos viajando em um Trawler

Casos e Contos 30/11/-0001
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Rota, surpresas e o Great Loop

Apesar de partirem sem um prazo para terminar a viagem, Dadi confessa que eles previam que a aventura duraria quatro ou cinco anos, mas eles já estão no oitavo ano de viagem e ainda não deixaram a América – atualmente o casal está em Jacksonville, na Flórida e não tem pressa de volta a viver em terra firma. “Esta qualidade de vida não tem preço e faremos de tudo para mantê-la. Conviver com a natureza, os animais, as diferentes condições climáticas, as distintas culturas e sociedades. Cada dia conhecendo novas pessoas, idiomas, costumes e fazendo amigos em todos os cantos é um desafio e um exercício para o nosso crescimento interior de valor inigualável. Essa opção de vida foi para nós insuperável e a melhor coisa que podia ter nos acontecido. Acho que parar será uma estagnação da qual não pretendemos experimentar. Parar? Quem sabe um dia longínquo?,” afirma Dadi.

Dadi e Denise partiram do Iate Clube de Santos, na Baixada Santista, em fevereiro de 2006 e navegaram por toda a costa brasileira, passando pela costa dos países do Norte da América do Sul, chegando ao Caribe e finalmente, à costa dos Estados Unidos, onde decidiram fazer o Great Loop, subindo por toda a costa leste dos Estados Unidos, entrando no continente, passando pelos Grandes Lagos na fronteira com o Canadá e descendo novamente, pelas águas interiores. “Foi uma experiência fantástica por rios, canais, lagos , mar e muitas eclusas e pontes. Nosso próximo passo é fazer um circuito pela América Central e depois seguir para Europa onde pretendemos também fazer um loop pelo continente. Depois, bem, depois programaremos o próximo passo,” revela o brasileiro.

Mas, apesar de fantástica, aventura do casal também teve seus momentos tensos e nada agradáveis. Em dezembro de 2007, quando o Jade II fazia a travessia da Guiana Francesa para Trindad e Tobago, o barco foi perseguido por piratas. De madrugada, a cerca de 100 milhas da costa do Suriname, eles perceberam, pelo radar, que uma embarcação os seguia. Suspeitando das atitudes do outro barco, Dadi e Denise saíram do rumo e mudaram de direção algumas vezes, mas continuaram a ser seguidos.

“O mapa do radar sinalizava que estavam a 18 nós. Agora, já os tínhamos no visual. Aparentemente, era um pesqueiro de uns 70, 80 pés bem maior do que o Jade. Acionamos nossas manetes ao tope (2.500 giros) e atingimos 12 nós, mas de nada adiantou pois eles subiram a velocidade para 20 nós. Quando olhamos para nossa popa, o barco que vinha em direção a nossa alheta de bombordo guinou para a de boreste e, em segundos, numa manobra muito bizarra, enfileirou-se a nossa popa e aproximou-se tanto que quase nos abalroou. Faltaram menos de 10 metros para que isto acontecesse. Só não ocorrera, pois, como nos filmes de perseguição policial, tivemos presença de espírito e guinamos subitamente 90 graus rumo a costa,” registrou o casal em seu diário de bordo. “Ficamos muito assustados e continuamos com manetes a tope rumo ao litoral. Felizmente, o barco pesqueiro parara de nos seguir naquele momento e, estranhamente e lentamente, tomara rumo contrário, em direção ao mar. Não vimos ninguém da tripulação no convés, apenas muitas luzes. Não houve disparos de armas, nem nos chamaram pelo rádio ou gritaram a viva voz. Não tivemos tempo de observar mais nada devido a situação de stress. Mantivemos nosso rumo de fuga até nos afastarmos 12 milhas desse barco e depois de nos certificarmos que ele não mais nos seguira, voltamos ao nosso curso,” completou a dupla sobre o susto.

A surpresa seguinte veio alguns meses depois e causou muita alegria. Quando estavam em St. Martin (Ilha de São Martinho), nas Antilhas, Dadi e Denise descobriram que estavam grávidos. Em novembro de 2008, nasceu Beatriz, a primeira filha do casal, que voltou para o Brasil para o parto e ficou alguns meses em terra firme até que a nova tripulante estivesse pronta para encarar a vida no mar.

E a chegada da filha não alterou os planos do casal, apenas estimulou. “A Beatriz não estava inicialmente no projeto. Hoje, este projeto não existiria sem ela”, revela o pai em tempo integral. “Claro que algumas coisas mudaram a bordo, como o cuidado e vigília permanente com ela, acrescentamos em nosso curriculum o homeschooling (educação infantil em casa ou, no caso, no barco) e, durante estes últimos três anos navegamos por águas mais tranquilas. Optamos por seguir e fazer o Great Loop e não a travessia para Europa. Isto veio de encontro aos nossos anseios, onde águas mais calmas e regiões de maior suporte foram importantes neste inicio da vida dela,” completa Dadi, revelando que deixarão Europa para quando a filha estiver um pouco maior e puder aproveitar mais a experiência histórica e cultural que o continente tem para oferecer.

Outra mudança na tripulação aconteceu no final e 2012, quando Kika, a Schitzo do casal, morreu aos 16 anos. A nova mascote do Projeto Jade é a pequena Alice, uma mini Pincher de três meses.

Barco novo

E a próxima mudança será radical para o Projeto Jade. Depois de oito anos a bordo do trawler de 50 pés, Dadi e Denise colocaram o barco a venda e estão em busca de um modelo um pouco maior e mais confortável para encarar as próximas aventuras. O novo barco ainda não foi escolhido, mas com certeza será um trawler, garante Dadi.

Acompanhe o diário de bordo da família no site www.projetojade.com

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Fotos: Projeto Jade