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Karen Riecken: uma colecionadora de histórias em alto mar

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Karen Riecken: uma colecionadora de histórias em alto mar

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Velejadora desde bem pequena, Karen Riecken sempre foi incentivada pelos pais a continuar atuando no segmento náutico.

Após cinco anos dedicados ao esporte e participando de competições, Karen, passou a gerenciar, ao lado de Felipe Caire, a Mistralis Treinamentos Experienciais a Vela, do Rio de Janeiro, que funciona desde 2008 e já formou mais de mil alunos:

“A Mistralis surgiu em 2001, quando Felipe criou a empresa para realizar treinamentos empresariais e um trabalho de educação ambiental no sul da Bahia denominado Expedição Mistralis. A escola existe desde 2008. Mais de mil pessoas já participaram de alguma atividade da Mistralis”, revela Karen.

A bordo do veleiro Bruce Roberts, de 52 pés e de aço, a velejadora já foi campeã de diversos campeonatos de vela nacional:

“Participei muito de regatas da classe Laser. Fui vice-campeã brasileira e campeã paulista em 1998. Na classe oceânica já participei de diversos campeonatos do calendário carioca, como: Aratu – Maragojipe e Refeno”, lembra ela.

Acostumada a velejar pelos mares brasileiros com os alunos da escola de vela, Karen já fez diversas travessias por toda a costa brasileira – de Florianópolis a Fernando de Noronha. O novo desafio para este ano é descer até Buenos Aires.

Pegos de surpresa

“Já passei por situações de perigo e engraçadas. Acho que como todo velejador, as histórias dariam um livro. Mas, a história mais interessante que aconteceu comigo e com meus alunos foi quando nos deparamos com um ciclone, em maio do ano passado, em uma travessia de Ilhabela até Florianópolis.

A bordo do veleiro escola Mistralis, eu, Felipe Caire e mais quatro alunos, partimos rumo ao nosso destino. Sabíamos que o tempo estava ruim e que o vento era contra, mais a turma disse que queria um desafio e sentir a emoção de navegar em um “mar grosso” (mar agitado).

Aproveitamos a oportunidade para testar nosso novo mastro e sabíamos das condições do veleiro, que com certeza aguentaria qualquer ondulação. Aliás, ele passa por algumas melhorias para a travessia do Cabo Horn, que partirá do Rio de Janeiro, em novembro. Então decidimos partir.

A frente fria se transformou em dois ciclones com ondas de mais de cinco metros e ventos de 40 nós. Estávamos na altura de Itajaí para fora da costa. Tivemos um problema no motor e as grandes ondas e os ventos fortes não nos deixaram avançar. A solução foi arribar (mudar o rumo da navegação), subimos as velas de temporal e seguimos até Itajaí. Nunca tínhamos parado lá e ancoramos em uma praia super conhecida de surfistas, que com ventos do quadrante sul, fica abrigada, então nem percebemos.

Na manhã seguinte, um amigo que morava na cidade ligou e disse: “Vocês são loucos? Tirem o barco daí agora. Nessa praia quebra onda.” Tiramos o barco de lá e arrumamos o motor. Estávamos exaustos, chegamos a Florianópolis na noite do dia seguinte.

Qualquer coisa era mais calma do que o mar que tínhamos acabado de enfrentar. Depois descobrimos que a praia em que paramos, era a Praia do Atalaia, famosa entre os surfistas e por isso o desembarque do pessoal tinha sido tão difícil de botinho, pois mesmo com poucas ondas o mar ali era realmente bem mexido.

A dica para sair de uma situação dessas é conhecer bem o barco e ter peças reservas. Brincamos que dentro do Mistralis, temos um outro veleiro desmontado dentro dos armários. Também é essencial ver a previsão do tempo e saber interpretar os sinais das nuvens e do vento. As situações de perigo podem trazer experiências muito valiosas. Pode parecer loucura pegar uma frente fria e um ciclone na cara, mas sabendo os limites do barco e da segurança, também se torna um momento de aprendizado único. Como o Felipe Caire sempre me diz, é melhor treinar sabendo o que vai acontecer, do que ficar perdido quando precisar”.

Bruna Sales para Bombarco
Foto: Divulgação